O poeta de hoje é Guilherme de Almeida. "Último dos românticos", como é chamado, participou da Semana de Arte Moderna de 1922, e pode se ver em sua obra, desde 1917, quando publica seu primeiro livro, até 1969, quando falece, tanto uma profunda evolução no estilo, como uma poderosa vitalidade. Uma das demonstrações disso são os seus haicais. O poeta se dedica ao gênero em seus últimos anos, tanto como escritor quanto como tradutor. Abaixo, alguns belos exemplos. Destaque para "Hora de ter saudade", onde o poeta alcança a perfeição.
O pensamento
O ar. A folha. A fuga.
No lago, um círculo vago.
No rosto, uma ruga.
Hora de ter saudade
Houve aquele tempo...
(E agora, que a chuva chora,
ouve aquele tempo!)
Infância
Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se "Agora".
Cigarra
Diamante. Vidraça.
Arisca, áspera asa risca
o ar. E brilha. E passa.
Um abraço, até a próxima!
Belíssimos, Dema.
ResponderExcluirAbraço.